Vitrina, 04.12.2025 - O presidente da república apelou para a necessidade de se fazer “uma introspeção” ao sistema nacional de saúde em São Tomé onde denúncias dão conta de “má atuação de alguns profissionais da saúde”, incluindo “maus-tratos” aos pacientes que, na sua opinião, “mancha todo o sistema, mancha todos os profissionais”.
Carlos Vila Nova que é também presidente da Comissão Nacional de Luta contra o Paludismo revelou que alguns “atos isolados, individuais, de má atuação de alguns profissionais da saúde, mancha todo o sistema, mancha todos os profissionais”.
“Nós temos relatos, temos relatos até de maus-tratos. Mau atendimento já nem se conta pelos dedos da mão. É preciso que no meu papel também vos diga isso, para saberem disso”, queixou-se o chefe de Estado.
O presidente da República diz ser importante que, para “abraçarmos” a saúde como causa nacional “é preciso fazermos alguma introspeção”, mas para isso é necessário que “cada um de nós saibamos qual é a contribuição que cada um tem dado, pode dar, para que atinjamos os objetivos”.
Chamou a atenção para que cada profissional de saúde avalie a sua “atitude perante o bem comum, perante o bem público e os objetivos comuns. O nosso comportamento do dia-a-dia tem feito de nós aquilo que muitas vezes alguns dizem e outros não gostam. É preciso que sejamos responsáveis”.
Revelou queixas recebidos pelos médicos espanhóis que estiveram em São Tomé durante duas semanas em serviços voluntários. “Pessoal médico e os profissionais trabalham pouco, chegam tarde para verem os doentes e saem cedo. E já não falo do pessoal de enfermagem, já não falo dos técnicos e dos auxiliares”, lamentou.
O governante diz compreender, em determinadas ocasiões certos comportamentos, que acredita advir de profissionais que saem de casa “carregando uma dose de frustração pessoal e familiar” e no trabalho “enfrenta gente carregada de outras frustrações”, mas adianta que “os profissionais devem saber digerir isso”.
Carlos Vila Nova que falava no encerramento de dois dias de trabalhos do workshop nacional multissetorial sobre o paludismo, HIV/Sida e Tuberculose que decorreu no Palácio dos Congressos, considerou que foi feito “um bom exercício”, mas agora é necessário avançar para “a causa nacional”.
“Tratou-se em particular de três doenças, mas abracemos a questão da saúde como a causa nacional”, sublinhou, insistindo na necessidade de o país ter “um sistema de saúde que seja forte e eficiente, para o bem de nós todos, não só são-tomenses, mas que vivemos em São Tomé e Príncipe”.
Sublinhou também que “mesmo funcionando como está, (o nosso sistema de saúde) tem coisas muito boas: cidadãos são-tomenses e estrangeiros saem de outros países a procura de cuidados de saúde em São Tomé”.
Desafiou a organização do workshop a criar um comitê de seguimento das recomendações saídas do evento, sugerindo que esse comité deverá trabalhar diretamente com o primeiro-ministro, mostrando-se, também, disponível para liderar este órgão.
M. Barros